Foi um sinal dentro de si que a fez ter a certeza de que era o momento certo de ter um bebê. Após os Jogos de Tóquio, Ágatha começou a focar na tentativa de gravidez, que acabou dando certo de forma natural, não sendo necessário usar os óvulos que ela havia congelado como uma alternativa.
Uma demora para que a gravidez fosse confirmada não era a intenção da jogadora gaúcha, que agora está jogando ao lado de Rebecca, que também esteve nos Jogos de Tóquio. Na etapa de Maringá, em etapa que aconteceu entre 10 e 12 de março, a dupla terminou na 5ª colocação depois de cair nas quartas de final.
O fato de ser atleta permitiu que Ágatha tivesse uma gravidez com a presença permanente de atividades físicas, que seguiram, até mesmo, durante a semana em que Kahena nasceu. Uma das mais importantes diferenças foi a ausência de saltos.
No próximo dia 31 de março, Kahena completa cinco meses de vida, com sua mamãe se readaptando ao que foi tão presente em sua vida por anos, com a rotina de treinos, jogos e viagens aliadas aos cuidados da filha. O retorno efetivo de Ágatha às atividades físicas aconteceu dois meses após o nascimento.
Ao mesmo tempo em que tenta atuar da melhor maneira no alto nível, Ágatha sabe que o processo para chegar ao auge da forma física ainda demanda algum tempo, com a corrida para os Jogos de Paris sem dar trégua.
Ágatha concedeu entrevista exclusiva ao Flashscore para falar sobre o desejo concretizado e como os planos se desenrolaram para que tudo desse certo dentro e fora das quadras.
Confira a entrevista exclusiva
Gravidez planejada?
Sim, super planejada. Quando acabou 2021 e eu e Duda encerramos a parceria, eu senti uma vontade grande de engravidar, mas ao mesmo tempo sentia que não era o momento da aposentadoria. Então eu e Renan nos organizamos e planejamos tudo para que eu conseguisse engravidar e voltar a tempo. Claro que Deus ajudou também no timing, pedi muito a Ele, mas acabou dando tudo certo.
Ficou no dilema de engravidar durante a carreira de atleta ou esperar aposentar para viver este momento?
Até então eu ainda não sentia que era o momento. Mas no final de 2021 isso mudou dentro de mim. Sempre é um dilema sim, porque são muitos desafios para conciliar a carreira com a maternidade. Mas estou tendo uma boa rede de apoio, confio muito na pessoa que trabalha comigo, a Lu, e eu e Renan conseguimos dividir bem as funções. Claro que toda competição será um desafio diferente, mas sinto que estamos conseguindo dar conta.
O que a motivou a tomar a decisão?
Eu queria ser mãe em algum momento. Cheguei a congelar meus óvulos, mas acabei não precisando usar, foi tudo naturalmente mesmo. Então a minha motivação foi essa vontade mesmo e ver a Kahena acompanhando tudo é muito legal. Sei que ela ainda é muito pequena e não entende as coisas, mas tenho feito muitos registros e tem sido uma experiência linda ter ela junto comigo em tudo.
Como foi sua relação com vôlei e atividades físicas durante a gravidez? Até qual mês fez atividades?
Eu me mantive ativa até quase ela nascer. Meu corpo sempre foi acostumado a se exercitar e mantive isso durante a gestação. Tive acompanhamento muito de perto do Renan, das minhas médicas e do COB, com algumas limitações. Por exemplo, optei por não saltar durante esse período, mas fiquei em contato com a bola até o último mês. Fui na academia na semana que ela nasceu.
Foi uma experiência diferente, porque o corpo muda muito, muda o centro de gravidade, muda tudo, mas foi super importante me cuidar e me sentir bem para o parto, o pós parto e a retomada de treinos.
Como foi o retorno às atividades após ganhar o bebê? Treinando há quanto tempo?
Eu voltei a treinar dois meses depois que ela nasceu. Também tive todo acompanhamento para isso. Comecei indo na academia, caminhando na esteira e fui progredindo. O retorno foi bem gradativo mesmo, fui entendendo meu corpo durante o processo. Até hoje ainda não é igual, mas estou me adaptando a todas as mudanças.
Algum tipo de exercício, treino ou atividade que ainda não é aconselhado?
Estou 100% liberada. Tive mais dificuldade com o salto, o que já era esperado, porque fiquei sem saltar na gravidez. Mas é uma coisa que demanda mais tempo mesmo. Fizemos alguns amistosos, jogamos a primeira etapa do Brasileiro, está sendo importante para ganhar ritmo de jogo que é super importante neste momento também.
Apesar de estarmos treinando há três meses, o jogo é muito diferente, outra pressão, outra adrenalina. Eu e Rebecca estamos nos conhecendo na prática só agora também. Então são muitos desafios, mas todos muito gostosos de enfrentar.
Intensidade dos treinos tem sido a mesma de antes? Ou ainda não?
A gente conta com uma equipe de trabalho que nos acompanha muito de perto. O Marco é nosso técnico e o Renan cuida da parte física e sou monitorada durante todo o tempo. Eles trocam muito as percepções durante os treinos, no sentido de saber até onde podem me exigir ou a hora de segurar um pouco.
Ficou muito ansiosa pra voltar a jogar?
Uma ansiedade gostosa. Eu não troco essa ansiedade de entrar em quadra por nada, realmente amo muito o que eu faço. Claro que deu um frio na barriga, mas fui me soltando com o jogo e tentando me manter concentrada no que precisava fazer.
Como foi a escolha da dupla?
Eu e Rebecca acabamos fechando até mais cedo do que eu esperava. Eu quis curtir a gravidez para só depois pensar nisso. Mas a Rebecca acabou me ligando, a gente conversou e já acertamos as coisas antes da Kahena nascer. E foi super importante porque a nossa parceria envolvia a vinda dela para o Rio, então a gente teve tempo de se organizar, definir o extra quadra, decidir equipe, local de treinamento, etc.
Resultados, neste primeiro momento, ficam em segundo plano, com sua retomada à forma física ideal sendo a prioridade?
As duas coisas caminham junto. Mas eu sei que ainda estou em busca da minha forma ideal. Os resultados não podem ficar tão em segundo plano porque a corrida olímpica já está em andamento, então a gente vai precisar ajustar o carro com ele andando. Mas são desafios que nós atletas amamos. Eu estou muito motivada e em busca não só do meu melhor mas também de resultados.
O que achou do seu desempenho nesta etapa inicial do circuito?
Acho que essa etapa foi importantíssima para mim. Ali pude sentir mesmo como eu estou, como meu corpo responderia, em que nível físico estou e o principal, o que mais eu preciso investir para melhorar. Sei que é um processo, mas a gente precisa ser assertivo no foco do trabalho.